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PRÉMIOS ESTORIL SOL

“O Processo” de Dulce de Souza Gonçalves é o vencedor da edição deste ano.

Agustina bassa luis

Com o romance “O Processo”, Dulce de Souza Gonçalves venceu o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2024, no valor pecuniário de 10 mil euros, garantindo a sua publicação através da Editorial Gradiva, com a qual a Estoril Sol mantém uma parceria desde 2008, ano do lançamento do concurso, em homenagem à grande escritora. 

Sobre “O Processo”, o júri, ao qual presidiu Guilherme D`Oliveira Martins, considerou tratar-se de “um romance centrado na memória histórica dos últimos anos da resistência à ditadura portuguesa e, ao mesmo tempo, de projeção dos traços culturais que asseguraram algumas das suas referências emblemáticas, nomeadamente as relacionadas com o fenómeno da emigração portuguesa para França, sobretudo durante os anos sessenta. Nesse quadro irá evoluir a descrição de momentos (culturais e políticos) particularmente relevantes da comunidade lusa como, por exemplo, o fenómeno do Maio 68 em França, com as suas rebeldias poéticas e insubmissões criativas, e o da Capela do Rato em Portugal em dezembro de 1972”. 

De acordo ainda com a acta, a obra premiada “é um romance que apresenta uma assinalável segurança estilística e mesmo uma grande frescura literária no que diz respeito ao imaginário do Portugal contemporâneo, com os seus defeitos e as suas virtudes”. 

fernando namora

Com o romance “Revolução”, o escritor Hugo Gonçalves foi o vencedor, da edição deste ano, do Prémio Literário Fernando Namora, instituído pela Estoril Sol, com o valor pecuniário de 15 mil euros. O Júri, presidido por Guilherme D ́Oliveira Martins, definiu a obra vencedora como “um romance que mergulha num período recente da história portuguesa, nomeadamente, nos últimos anos da ditadura e nos primeiros anos da democracia”. 

Em acta o júri refere: “Com um estilo directo, fluido e comunicativo e com uma linguagem que se alia à expressão do tempo e dos seus actores sociais, “Revolução” é um livro que se impõe literariamente, graças ao modo como liga pontas soltas da história portuguesa recente, mantendo sempre, no entanto, o desenho narrativo de personagens contraditórias, heroicas ou trágicas, fortes ou fracas, e cujos perfis interpelam e comentam os leitores actuais do romance e as suas respectivas posições ideológicas”. 

Vasco Graça Moura

Instituído pela Estoril Sol, o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural, em décima edição, foi atribuído a Helder Macedo, “um ilustre poeta, romancista, ensaísta, crítico, e professor que tem um percurso exemplar no campo da cidadania cultural”, referiu o júri. 

Presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, o júri elegeu Helder Macedo, tendo em consideração que “vivendo em Moçambique, desde a sua juventude, afirmou‑se como uma consciência livre, considerando a liberdade como abrangendo a criação literária e artística, mas também o reconhecimento do direito dos povos à autodeterminação e independência”. 

Na acta do júri consta, ainda, que Helder Macedo “exilado em Londres, a partir de 1960, foi colaborador da BBC e lecionou no King’s College onde ensinou Língua e Cultura Portuguesas, afirmando‑se como prestigiado investigador. Após a Revolução de 25 de Abril exerceu em Portugal importantes funções na área cultural, tendo prosseguido, a par da criação literária e ensaística, uma ação persistente na cultura e educação em prol da cultura portuguesa no mundo”. 

Em homenagem à memória de Vasco Graça Moura, um dos mais notáveis e versáteis protagonistas da vida cultural portuguesa, a Estoril Sol, instituiu um Prémio especial com o seu nome, consagrado à Cidadania Cultural.

O Prémio Vasco Graça Moura visava distinguir um escritor, ensaísta, poeta, jornalista, tradutor ou produtor cultural que, ao longo da carreira – ou através de uma intervenção inovadora e de excecional importância –, tivesse contribuído para dignificar e projetar no espaço público o setor a que pertencesse.

Ao promover este Prémio, a Estoril Sol assumia a convicção de que a sua natureza e abrangência seriam o justo reconhecimento pela obra de Vasco Graça Moura e pela sua profícua e invulgar polivalência criativa.



Em cerimónia solene, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entregou os Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luis, instituídos pela Estoril Sol, e referentes a 2023, respectivamente, a Lídia Jorge e Francisco Mota Saraiva, bem como o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural a José Pacheco Pereira.

A 26ª edição do Prémio Literário Fernando Namora, promovido pela Estoril Sol, com o valor pecuniário de 15 mil euros, o Júri distinguiu Lídia Jorge pelo romance “Misericórdia”.

O Júri, presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, evidenciou que “Misericórdia”, “é um romance, numa escrita marcada por singular criatividade, transfigura ficcionalmente a matéria do real que o suscita e, na construção da personagem nuclear como de outras, nos múltiplos momentos da efabulação, nos planos em torno dos seus universos sociais, emocionais, afectivos, e nas notações de um processo de perda sem excessos descritivos, exprime uma voz com atributos incomuns de generosidade e humanismo. Trata-se, com efeito, de uma obra maior na bibliografia da Escritora”.

Por sua vez, em relação à 16ª edição do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, com o valor de 10 mil euros, o Júri distinguiu Francisco Mota Saraiva com a obra original “Aqui Onde Canto e Ardo” que terá garantida a sua publicação através da Editorial Gradiva.

O Júri escreveu em acta que este romance “é a saga de uma família que a história portuguesa do século XX fez existir entre três continentes, Ásia - Índia, África – Moçambique, Europa – Portugal. A diversidade imaginária desses três mundos é dada através de narrativas da memória de algumas das principais figuras da família. Nelas se recordam diferenças promotoras de violências diversas, das dores e angústias do poder sobre todas as suas formas”.

A 9ª edição do Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural foi atribuída a José Pacheco Pereira. O júri considerou que “o seu percurso de vida”, constitui um inequívoco exemplo de cidadania cultural. Instituído pela Estoril Sol o Prémio, com periodicidade anual e no valor de 20 mil euros, foi criado em homenagem à memória de Vasco Graça Moura.

Em acta, o júri sublinha que “atendendo ao seu percurso de vida no tocante ao empenhamento em prol da defesa do interesse público, em especial quanto ao conhecimento histórico e à preservação do património cultural, graças à criação da Biblioteca e Arquivo Ephemera, que tem permitido a reunião de documentos e objetos únicos, indispensáveis para a melhor compreensão dos acontecimentos da história política portuguesa”.

O júri, presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, em representação do CNC – Centro Nacional de Cultura, integrou, ainda, José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Ana Paula Laborinho, Liberto Cruz e José Carlos de Vasconcelos, convidados a título individual e, ainda, Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.